Diébédo Francis Kéré

Ganhador do Pritzker 2022, considerado o "Nobel da arquitetura".

Primeiro negro a Ganhar o Prêmio Pritzker.

O Prêmio Pritzker é concedido anualmente para "homenagear um ou mais arquitetos vivos, cujo trabalho demonstra uma combinação de qualidades, como talento, visão e compromisso, e que produziu contribuições consistentes e significativas para a humanidade e o ambiente construído por meio da arte da arquitetura". Criado em 1979 por Jay A. Pritzker e sua esposa Cindy, o prêmio é financiado pela Família Pritzker e patrocinado pela Fundação Hyatt. É considerado um dos maiores prêmios internacionais de arquitetura e é frequentemente referido como o Prêmio Nobel de Arquitetura.

Além da honraria e da solenidade, o arquiteto(a) premiado recebe 100 mil dólares e um medalhão de bronze.

Em 2006, Paulo Mendes da Rocha ganhou o Prêmio Pritzker, considerado o “Nobel da Arquitetura”. Antes dele, outro arquiteto e urbanista brasileiro obteve tal reconhecimento: Oscar Niemeyer.
 

Diébédo Francis Kéré

Quem é Diébédo Francis Kéré, ganhador do Pritzker 2022, considerado o 'Nobel da arquitetura'

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Primeiro negro a receber o prêmio, Kéré é conhecido por construir escolas e centros de saúde em países como Moçambique, Quênia e Togo.

O prêmio Pritzker, a mais alta distinção do mundo da arquitetura, foi entregue, nesta terça-feira (15/03/2022), ao arquiteto burquinês Diébédo Francis Kéré, anunciaram os organizadores. Ele é a primeira pessoa negra a receber o prêmio.

Kéré foi premiado pelos seus desenhos "pioneiros" que são "sustentáveis para a Terra e para seus habitantes em terrenos de extrema escassez", disse Tom Pritzker, presidente da Hyatt Foundation que patrocina o evento.

Com dupla cidadania de Burquina Fasso e Alemanha, Kéré é o 51º recebedor do prêmio.

Conhecido por construir escolas, centros de saúde, habitações, edifícios e espaços públicos em muitos países da África, entre eles Benin, Burquina Fasso, Mali, Togo, Quênia, Moçambique e Sudão.

"É tanto um arquiteto como um servidor, pois melhora a vida e as experiências de inúmeros cidadãos em uma região do mundo, às vezes, esquecida", disse Pritzker.

O texto acrescenta que Kéré "empodera e transforma as comunidades por meio da arquitetura", desenhando edifícios "onde os recursos são frágeis e a colaboração é vital".

"Por meio do seu compromisso com a justiça social e o uso inteligente de materiais locais para conectar-se e responder ao clima natural, trabalha em países marginalizados cheios de limitações e adversidades, onde a arquitetura e a infraestrutura estão ausentes", disse aos organizadores.

Kéré foi elogiado por um projeto para uma escola primária em Burquina Fasso e realizou exposições individuais nos museus de Munique e Filadélfia.

Também foi um dos arquitetos que trabalhou no Museu Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho de Genebra.

Em 2017, Kéré se consagrou como o primeiro arquiteto africano a desenhar um painel temporário no Hyde Park de Londres, uma prestigiosa tarefa que um arquiteto de fama mundial assina a cada ano.

Arquitetura de Kéré

Kéré, de 56 anos, nasceu em Gando, em Burquina Fasso, e foi o primeiro da família a frequentar a escola, em salas sem ventilação ou iluminação adequada. Desta forma, Kéré passou a defender o direito das crianças a salas de aulas confortáveis. Em 2001, inaugurou seu primeiro edifício, uma escola secundária na sua cidade natal, erguida com a ajuda dos moradores da aldeia.

Além de escolas, Kéré desenhou centros médicos, conjuntos habitacionais, espaços públicos e até uma área do festival de música Coachella.

FONTE:
https://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2022/03/16/quem-e-diebedo-francis-kere-ganhador-do-pritzker-2022-considerado-o-nobel-da-arquitetura.ghtml
Consultado em 26/05/2022

“Não copie o Ocidente e aprenda das suas próprias tradições”, sugere Francis Kéré para arquitetos brasileiros

Por Luan Galani
18/07/2021 17:53 - Gazeta do Povo

Revelação mundial e o principal nome da arquitetura africana, Diébédo Francis Kéré deu uma palestra neste domingo (18/07) na UIA2021RIO.

Uma das principais vozes da arquitetura do continente africano, Diébédo Francis Kéré, 56 anos, natural da minúscula Burkina Faso, tem recebido cada vez mais atenção do mundo por seus projetos neovernaculares (que utilizam materiais e técnicas do próprio local e suas comunidades), sustentáveis, inventivos e de uma estética contemporânea que não abandona a ética, como frisa a arquiteta Elisabete França. Ela conduziu o papo com o arquiteto africano na tarde deste domingo (18/07) durante a UIA2021RIO (27º Congresso Mundial de Arquitetos), que segue até a próxima quinta-feira (22/07).

Uma das principais vozes da arquitetura do continente africano, Diébédo Francis Kéré, 56 anos, natural da minúscula Burkina Faso, tem recebido cada vez mais atenção do mundo por seus projetos neovernaculares (que utilizam materiais e técnicas do próprio local e suas comunidades), sustentáveis, inventivos e de uma estética contemporânea que não abandona a ética, como frisa a arquiteta Elisabete França. Ela conduziu o papo com o arquiteto africano na tarde deste domingo (18/07) durante a UIA2021RIO (27º Congresso Mundial de Arquitetos), que segue até a próxima quinta-feira (22/07).

Na palestra para a UIA2021RIO o arquiteto apresentou os principais projetos de sua carreira, com destaque para a Escola Primária de Gando, a Lucée Schorge e o Burkina Institute of Technology, todos em Burkina Faso; o Startup Lions Campus, no Quênia; a Assembleia Nacional de Benin, em Benin; e o Tippet Rise Art Centre, nos Estados Unidos.

Em comum, sua forma de ouvir e incluir as comunidades no processo de projetar, e soluções inteligentes de ventilação, utilizando primariamente madeira, pedras, argila, palha e adobe (tijolos de barro com outros componentes). "Tudo é possível. Basta você saber usar suas habilidades para servir sua comunidade", ensina para os jovens arquitetos no início de sua fala.

Por adotar uma arquitetura vernacular, o arquiteto africano concebe edifícios que exigem pouca manutenção e que se inserem na paisagem de forma quase natural. Em algumas escolas de Burkina Faso, por exemplo, o calor que chega a 60 graus centígrados chega a rachar canos de PVC. Isso levou Kéré a adotar torres de vento, com vasos de cerâmica com água em pontos estratégicos para conseguir baixar a temperatura do local em 30 graus.

No continente africano, em particular, o arquiteto vê seus projetos como uma oportunidade de empoderar as comunidades, treinando os jovens com diferentes técnicas, ensinando um ofício e criando o senso de pertencimento de toda a vila para cada construção levantada.

"Você ganha a comunidade se você explicar cada parte do processo", ensina Kéré. "Porque saiba que a sua construção vai afetar todo mundo, o usuário, o vizinho, então é melhor envolver eles. Elas se sentem orgulhosas. Inclusive nos Estados Unidos é assim. A comunidade se torna parte do projeto."

Dessa forma, cria-se uma relação de confiança. Além disso, Kéré diz que a execução dos projetos se torna uma parte alegre, com toda a comunidade envolvida e todos ajudando no canteiro de obras.

Por sempre tentar fazer diferente, apesar de seguir sempre as mesmas diretrizes, Kéré gosta de experimentar. Para uma escola em Burkina Faso, ele testou concreto misturado com barro. Funcionou e criou tijolos com volumes mais homogêneos. Para um edifício comunitário no meio do Quênia, onde os turistas não chegam e o calor é absurdamente alto, o arquiteto optou por paredes de pedras cobertas por gesso, o que, junto com torres de vento, resolveu o conforto térmico e impediu que os espaços ficassem quentes demais.

Nos Estados Unidos, para o pavilhão Xilema, em Montana, para uso da comunidade, Kéré concebeu um espaço todo em madeira, a partir de uma engenharia bem inteligente, com pé-direito baixo para relaxar as pessoas e receber concertos de música.

Kéré conclui pedindo para que os arquitetos valorizem suas culturas e não copiem soluções prontas de outros países. E chama atenção para as mudanças climáticas. "É a questão mais urgente hoje. Mesmo as pessoas negligenciando isso, os recursos estão ficando mais limitados. Isso é um fato. E a construção é o lugar em que mais se gastar recursos, com uma pegada de carbono altíssima", alerta.

"Então a questão que temos que resolver é como construir sem destruir o meio ambiente. Olhe a Alemanha agora, por exemplo. Muitas pessoas estão morrendo por causa das chuvas. Não é fácil falar disso, mas precisamos enfrentar."

O UIA2021RIO segue até a próxima quinta-feira (22) em formato 100% digital. As inscrições estão abertas. Mais informações podem ser obtidas no site oficial do evento. A palestra de Kéré pode ser revista por quem já está inscrito na plataforma.

FONTE:

https://www.gazetadopovo.com.br/haus/arquitetura/nao-copie-o-ocidente-e-aprenda-das-suas-proprias-tradicoes-sugere-francis-kere-para-arquitetos-brasileiros/
Consultado em 26/05/2022

Vídeo com Entrevista::

Diébédo Francis Kéré

Vídeo com imagens das construções

Nesta conversa Diébédo Francis Kéré explica a filosofia dos seus projetos (em inglês).

5' 26" | Gravado nos EUA | Louisiana Channel