Mogobe Ramose
- Nacionalidade: África do Sul
- Local de Nascimento: Não disponível
- Professor Universitário
- Filósofo
- Nascimento: Não disponível
- Nome Completo: Mogobe Bernard Ramose
Pensador da Diáspora
Mogobe Ramose é um filósofo sul-africano, um dos principais pensadores a popularizar a filosofia africana, e especificamente a filosofia Ubuntu, internacionalmente. Ramose é professor de filosofia na Universidade da África do Sul em Pretória e diretor do Centro de Aprendizagem Regional da Unisa, em Adis Abeba, na Etiópia.
Mogobe Ramose
Legitimidade e o estudo da Filosofia Africana
Traduzido em 2011 e publicado pela revista Ensaios Filosóficos da UERJ, o artigo Sobre a legitimidade e o estudo da filosofia africana, do filósofo sul-africano Mogobe Ramose, professor da Universidade da África do Sul – Pretória, representa um dos textos mais importantes para quem deseja investir em pesquisa e leitura de filosofia africana. Tal importância refere-se à maneira como o filósofo constrói seu argumento enfatizando, principalmente, o modo como a definição e a legitimidade sobre o que é filosofia envolve-se em uma relação de poder e domínio.
A leitura de seu texto lança a pergunta: qual a prerrogativa de um povo, ou de indivíduos, sobre outros grupos se o que produzem é ou não filosofia? Guiando-se por tal pergunta, Ramose aciona a noção de epistemicídio para justificar como a produção de conhecimento tem sido usada como uma ferramenta política que limita as determinações de povos ou coletivos para justamente adequá-los ao modelo dito como universal. Especialmente tal crítica e reflexão podem ser importantes contribuições ao ensino de filosofia, pois enfatizam a particularidade como eixo principal daquilo que designamos como filosofia: “Neste sentido, a filosofia existe em todo lugar. Ela seria onipresente e pluriversal, apresentando diferentes faces e fases decorrentes de experiências humanas particulares” (p. 9).
Isso provoca não somente o questionamento reducionista sobre a existência ou não da filosofia africana, mas também aciona reflexões epistemológicas sobre a maneira como (e se) ensinamos filosofias não ocidentais.
Um exemplo é ilustrado no artigo por meio da análise proposta pelo autor sobre a noção de Ubuntu: um conceito que, por si só, é pluriversal, ao pensar a existência da alteridade inerente, a presença do outro como única opção do eu. No contexto dos estudos filosóficos no Brasil e as possíveis contribuições dessa perspectiva, destaca-se a proposta do autor de evidenciar a mobilidade da filosofia africana como posição política.
E, especialmente, o autor reivindica, no espaço acadêmico, a operação do exercício de pluriversalidade filosófica como “um convite para a filosofia Africana reafirmar seu caráter como filosofia da libertação” (p. 22). Com isso, as argumentações de Ramose especificam como a filosofia deve ser lida e ensinada pluriversalmente e problematizando esquemas excludentes do pensamento filosófico.
FONTE: Anpof - associação nacional de pós-graduação em filosofia. Disponível em: https://www.facebook.com/anpof/posts/2876437295748790/. Acesso em 10 de maio de 2022.